domingo, 26 de setembro de 2010

Na mesa com Angélica Zapata

Fazia tempo que eu e minha esposa não curtíamos uma janta apenas nós dois, degustando e debatendo um bom vinho. E desta vez conseguimos fazer. Preparei um excelente risoto de cordeiro, colocamos de fundo um jazz de Miles Davis e luz mais amena. Tudo para um clima merecedor de um bom vinho.
Resolvemos abrir um Angélica Zapata Alta Merlot 2005, vinho que meu grande amigo Sandro me trouxe direto de Buenos Aires. Este vinho é produzido por uma Bodega (vinícula como chamam nossos hermanos) reconhecida mundialmente, que já foi premiada diversas vezes, a Bodega Catena, que fica na região de Mendoza e que na linha de produção do vinho hoje em questão, deixa a bebida um ano e meio em barris de carvalho francês.

Ao abrirmos o vinho, percebemos na cor que tratava-se de um vinho complexo. A cor é extremamente densa, em tons escuros. Pudemos perceber que a bebida "pintava" a taça, ou seja, ao molharmos a taça por dentro, permanecia no cristal o mesmo tom de vermelho. Alguns enólogos chamam este tipo de situação de uvas tinteiras. Confesso que desconheço se a Merlot Argentina chega a ser considerada uma uva tinteira, mas realmente a cor deste vinho é forte. Deixou nossas línguas e dentes escuros.
No nariz, pudemos perceber um cheiro elevado do álcool. Não era para menos, este vinho tem 14 graus de teor alcóolico, acima da média dos vinhos tintos. Por isso, preferimos deixar o vinho respirar por cerca de uns 30 minutos. Melhorou bastante! Pudemos aí sentir outros aromas, como o próprio carvalho e um pouco de tabaco. Embora o produtor afirma que o Angélica Zapata tem na sua essência a presença de frutas, no cheiro nós não conseguimos perceber.
Na boca o vinho demonstrou porque é um vinho premiado e reconhecido. Um sabor acentuado da uva e do carvalho. A presença boa dos taninos sem prejudicar o sabor. Um retrogosto bom, que nos deixa podendo sentir os sabores do vinho por um bom tempo. Um vinho bastante seco, que combina bem com alguns goles de água mineral para intercalar.
O vinho possui um preço um pouco elevado, por volta dos R$ 100,00 no varejo. Talvez o ideal dele seria ter um preço um pouco abaixo, para aí sim considerarmos uma boa relação custo benefício. Mas isso, em hipótese alguma desmerece a qualidade da bebida. Além disto, harmonizou muito bem com o risoto de cordeiro, que é uma carne mais forte e exatamente por isso, combinou com este vinho, que não chega a ser um vinho tão forte, mas está longe dos vinhos leves e frutados.
Chame a Angélica Zapata para jantar e veja o que acha!

3 comentários:

  1. Ah, o Angelica Merlot Alta é realmente um vinho muito simpático. Minha esposa que o diga. Ela é toda enamorada dele e, curiosamente, não sente tão forte presença do elevado teor alcoólico.

    Mas nós ainda não o experimentamos com comida. Julgo difícil combinar os vinhos mais elaborados da Catena com comida. Eles são tão ricos, tão repletos de aromas e sabores que facilmente sobrepujam tudo quanto é prato.

    Aliás, já assistiu o filme Sideways, né? Sempre me pergunto qual era a bronca do personagem principal, Miles, em relação aos merlots. Bastaria experimentar alguns dos bons exemplares que se produzem por estas bandas mais sulinas para, talvez, cair por terra toda esta bronca.

    A propósito, comprando pela Mistral, aqui em São Paulo, ele custa em torno de R$ 70. O que é um preço aceitável para um vinho agradável como este.


    Gostei da proposta do blog. Te adiconei no Facebook. Abraços!

    ResponderExcluir
  2. Obrigado Alex pelas contribuições.
    Concordo contigo sobre o Merlot, mal colocado no filme Sideways. Eu sou fã dos vinhos da uva Merlot!
    Um grande abraço!

    ResponderExcluir
  3. só gostaria de uma informação tenho uma garrafa do vinho angaro 2007 .já faz 15 anos que estou com ela ..qts ela deve está valendo

    ResponderExcluir