domingo, 19 de setembro de 2010

Trio maravilha: Esporão, Trapiche e Aurora

Almoço na casa do pai! Eu, minha esposa, meu pai e a esposa dele, que preparou uma refeição especial e muito saborosa. Almoço daqueles longos, que iniciou às 14:30 e só levantamos da mesa por volta das 21:00. É verdade! Foi isso mesmo, eu juro!
Claro que não bebemos vinho sem parar, durante todo este tempo, senão estaríamos todos extremamente bêbados! Foi um almoço do estilo que mistura conversas, fofocas, filosofias, idéias... tudo isto acompanhado de entradinhas, prato um, prato dois, prato três, sobremesa, café e etc... O bom é que neste tipo de encontro, o vinho acaba ficando mais extenso e pudemos experimentar três garrafas.
A primeira foi um clássico Português, um Esporão. Não é a primeira vez que cito ele aqui no blog, mas foi a primeira vez que provei este em específico. Era um Esporão Reserva DOC Alentejo 2007. Para quem ainda não sabe, DOC quer dizer Denominação de Origem Controlada. Trata-se de um vinho composto pelas uvas Aragonês, Cabernet Sauvignon e Trincadeira, que ficam pelo menos um ano em barris de carvalho. O Esporão é um vinho de terroir (solo de origem da uva) singular. São solos vulcânicos que recebe influência das brisas do Atlântico. Quando provei, meu pai já havia deixado o vinho aberto por mais de duas horas e logo de início notamos a cor intensa com aromas de frutas vermelhas e um leve cheiro do carvalho. Como todo Esporão, este foi um vinho de sabor longo, que permanece por um bom tempo na boca. Lembrando aquela famosa propaganda de cerveja, este vinho desceu redondo. Ótimo sabor, com boa presença de taninos, sem deixar o vinho pesado, ou com a famosa sensação de "trava língua". Além disto tudo, ainda descobri que no rótulo deste vinho está um desenho do artista plástico José Pedro Croft, que desenhou uma imagem que reverbera a complexidade de aromas, sabores e cores.
E tudo o que é bom, dura pouco. O almoço ainda estava no meio e a garrafa portuguesa se foi! O que vamos beber? Vinho, ora pois! Optamos por sair da Europa e migrar para os hermanos Argentinos. A garrafa escolhida foi um Trapiche Pinot Noir, 2009.  O Trapiche é um vinho que também merece sua atenção. Um vinho de uma ótima relação custo benefício. Logicamente, muito mais curto (no sabor) do que o Esporão, mas ainda assim, bem saboroso. A sua cor era menos brilhante e puxava um pouco para tons de tijolo, mas ainda assim, bonita. O cheiro que exalava nas taças era mais perfumado, com mais presença de frutas. O sabor também leve e também de baixa acidez. Agradável de tomar. Com certeza o Esporão é um vinho mais completo e mais complexo. Um vinho com mais entregas, mas com preço mais caro também. Bem mais caro, inclusive! Mas mesmo assim, o Trapiche também agradou muito. Pinot Noir é uma das minhas uvas preferidas, e do meu anfitrião patriarcal também, por isso mesmo, não poderia ter faltado na mesa. E valeu a pena! O que me chamou atenção neste vinho Argentino foi a rolha, que além de sintética, tinha impressa nela o mapa da Argentina com a região da vinícula. Uma rolha diferente, curiosa.

Entre uma longa conversa e outra, a sobremesa fica à vista e era hora daqueles goles finais de vinho para encerrar a refeição. Depois de passarmos por Portugal e Argentina, era hora de valorizar o que é nosso e abrirmos um vinho Brasileiro.
O vinho escolhido foi o vinho de sobremesa Aurora, Colheita Tardia. Já falei aqui no blog sobre este tipo de vinho, que é doce, em pequenas garrafas e fruto de uvas de colheitas tardias (ou "Late Harvest" para os vinhos internacionais), e por assim serem, se tornam mais doces. A Aurora surpreendeu e confirmou o que eu e minha esposa já estávamos suspeitando: os vinhos de sobremesa nacionais são os melhores. Já havíamos provado um Salton, e desta vez o Aurora demonstrou as mesmas características. Doce, mas nem tanto. Mais denso, mas nem tanto. Um vinho interessante por ser mais equilibrado. A cor do vinho é muito bonita, um dourado extremamente brilhante. É um vinho resultante da combinação das uvas Semillon e Malvasia Bianca. A que tomamos era uma garrafa de safra atual, 2010. E é assim que deve ser. Este tipo de vinho não é feito para ser um vinho "de guarda", e deve mesmo ser bebido jovem, caso contrário começa a lembrar um licor e deixa de ser um vinho. Uma taça pequena já resolve a curiosidade e mata o desejo de fechar a refeição tomando vinho. Harmonizou super bem com sorvetes!
Mais um domingo gastronômico daqueles! O que você vai fazer domingo que vem? Já fica aí algumas dicas...

Um comentário:

  1. Realmente este trio é maravilhoso.Beber bons vinhos, comer boa comida e em boa companhia: eis uma fórmula de bem viver a vida.

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