sábado, 7 de agosto de 2010

Esporão, Trapiche e Casa Silva de sobremesa

Penso que vinho é como pai. Conforme o tempo passa, vamos cada vez mais, dando o devido valor. Quando jovens, custamos a perceber a importância que nossos pais tem na nossa vida. Um vinho bom é aquele amadurecido, que você guarda para os momentos especiais. Um filho, já independente, também é assim. Reserva um momento para o seu pai, um momento especial.
Pois bem… como gosto de sempre dar um toque “de diferente” em tudo que faço (ou pelo menos quando é possível), quebrei o protocolo de almoçar com meu pai no domingo e resolvi fazer uma janta agradável para ele já na sexta-feira (ontem). Eu e minha esposa recebemos o meu pai e a esposa dele. Um encontro apenas nós 4. Obviamente, no domingo vou me encontrar novamente com meu pai, mas aí sera com toda a família junto… E um jantar em clima “private” é sempre mais gostoso de saborear!
Eu sou um fã da gastronomia, e justamente por isso, gosto muito de cozinhar, principalmente em momentos especiais como este. Resolvi preparar um risoto pra lá de especial. Arroz arbóreo, diferentes tipos de cogumelos, tomates secos, alho poró e parmesão. Excelente! Um prato legal de cozinhar, bonito de servir e principalmente, muito saboroso. Já havíamos comido umas brusquetas de entrada que minha esposa havia feito, com uma caponata muito boa, e o risoto veio para completar o prazer.
Para acompanhar o risoto, abrimos uma garrafa de vinho que estava há tempos na minha adega e que era momento de desfruta-lo: o Esporão. Trata-se de um clássico vinho tinto português, da safra de 2003. Destes 7 anos de reserva, tem pelo menos 2 anos na minha adega, e isto foi o mais legal de poder provar ele. Além do tempo de reserva e da exclusividade do vinho, o Esporão ainda era desconhecido nas minhas experiências com vinhos, e estava aguardando um momento adequado para isso, e nada mais justo de que compartilhar com a presença de pessoas especiais!
O Esporão é um vinho da região de Alentejo, próximo a Lisboa, em Portugal. É um vinho clássico que representa a história do país na produção de vinhos. Além disto, foi eleito por diversas vezes o melhor vinho português.
É um vinho composto pelas uvas Trincadeira, Aragonês e a famosa Cabernet Sauvignon. Pelo seu tempo de reserva e pelas características das uvas deste corte, resolvi abrir a garrafa e deixar ela respirando por cerca de três hora antes da sua degustação. O vinho possui cor intesa (ou rubi intenso como diz os enólogos) e um aroma extremamente convidativo, onde é possível se perceber o envelhecimento em carvalho.
O sabor do vinho seguiu todo o clima da noite, se mostrando extremamente supreendente e prazeroso. Mais uma vez, um excelente vinho. Gosto característico da uva, do carvalho e dos vinhos europeus de forma geral. Este também se mostrou um vinho com sabor final longo. O que isto quer dizer? Quer dizer que é um vinho que fica com gosto na boca por um tempo maior do que a maioria, o que demonstra novamente a sua qualidade superior.
Nem sempre que tomei vinhos caros e exclusivos, a experiência foi compensadora. A regra do mais caro é melhor, não se aplica ao vinho, principalmente porque paladar é muito pessoal, e cada um tem seu estilo. Mas desta vez, o preço e a exclusividade compensou sim. O Esporão não é tao fácil de ser encontrado, e no varejo o seu preço fica em torno de R$ 100,00 (passando dos R$ 140,00 em um restaurante). Não é um vinho barato, mas vale o investimento para momentos especiais. A minha surpresa com o Esporão foi perceber que a esposa do meu pai reconheceu o vinho apenas pela cápsula (“rótulo” que envolve a rolha) a mostra! Percebi logo de cara que já tinha uma fã do vinho logo no início da janta. Eu, minha esposa e meu pai conhecemos o vinho pela primeira vez e todos concordamos que estávamos diante de um grande vinho.
Como o papo estava bom, o Esporão acabou cedo e precisávamos continuar bebendo vinho!!! Resolvemos abrir um argentino, o Trapiche Roble 2007, Pinot Noir. O vinho é bom, porém, depois do Esporão, acabou ficando “se graça”, um vinho sem grandes entregas. Com sabor mais curto e mesmo sendo um Pinot, comprando com o Esporão, acabou parecendo mais forte e mais “pegado”. Este já é um vinho mais comum, muito bem vendido na Argentina, fácil de encontrar no varejo na faixa dos R$ 25,00. Acredito que, o que sacaneou o Trapiche foi justamente ter tomado antes o Esporão.
Para fechar a janta, tínhamos de sobremesa as peças de arte que são os doces do Diego Andino, acompanhados de sorvte de creme. Mais um prazer a parte. Para acompanhar, resolvemos abrir um vinho sobremesa. Já havia escrito sobre vinhos sobremesa em outro post, e considero eles pesados para tomar além de uma taça. Por isso, mesmo sendo pequena, uma garrafa acaba ficando muito para mim e para minha esposa. Como a janta já estava muito especial, merecia a abertura de um Late Harvest (colheita tardia, que por ser assim, fica doce). Abrimos um Casa Silva, composto pelas uvas Sémilon e Gewurztraminer, devidamente gerlado. Muito bom também. Não tão pesado quanto a maioria que já tomei. Um vinho na faixa de R$ 30,00 no varejo.
Realmente acabamos a noite com uma experiência gastronômica digna de uma boa noite do dia dos pais. Fica aí as dicas de Portugal, passando pela Argentina e terminando no Chile.
Ah… se ficou curioso pelo risoto, posso passar a receita, é só me pedir!

Um comentário:

  1. Parabéns! Tenho certeza que teu pai adorou a justa homenagem!

    Esse Esporão, já bebi de safra mais recente (acho que 2006). Deve ter sido muito interessante beber ele mais velhinho!

    E concordo com você, risotto é um prato muito gostoso de preparar, para quem gosta de cozinhar!

    Um abraço!

    Alexandre Takei
    http://www.etilicasnotas.blogspot.com

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