quinta-feira, 15 de julho de 2010

J.P. Chenet e Marqués de Riscál

“O melhor vinho do mundo é aquele que você mais gosta”. Começo este meu primeiro texto com a frase que escutei de um enólogo do qual participei de um curso há alguns anos atrás. A frase ficou como uma espécie de mantra pra mim.

Hoje me tornei um grande apreciador de vinho, tendo o hábito frequente de provar diferentes vinhos seja com minha eposa, seja com amigos ou familiares. Também faço parte de uma confraria do vinho e todas estas experiências ao longo dos últimos tempos tem me deixado com algum conhecimento sobre o tema.

O fato é que o vinho é prá lá de misterioso. Existe todo um ritual em cima da bebida, desde sua compra aos seus minutos pós-degustação. Não que eu seja contra este ritual todo, muito pelo contrário, um dos motivos que me encanta o vinho é justamente o ritual, mas precisamos confessar que é um ritual super misterioso.

Vamos começar pela compra. Que país comprar? Manda logo um chileno, aí não tem erro. Como se o chile só produzisse vinhos bons. Será mesmo que o chileno agrada seu paladar?

E depois começam a surgir diversas outras dúvidas. Qual safra? Que uva? Que preço devo pagar?

Coitado de quem começa a tomar vinho e quer impressionar. São muitos itens que influenciam. Depois que comprou, qual taça devo servir? Com que comida o vinho combina? Devo decantar, aerar, respirar… hã?

Difícil começo. E vamos combinar, até você alcançar certos níveis de conhecimento de vinho (isto significa “até você beber muito na sua vida”), estes itens todos farão pouca diferença na sua experiência com o vinho, no seu paladar. Mas para impressionar, fazemos questão de balançar a taça, cheirar o vinho e largar um breve comentário: “hum… muito bom este vinho”. E se alguém comentar que precisa colocar em uma taça maior, deixar a uva cabernet respirar para o vinho abrir e você notar o sabor frutado e aveluldado do vinho, você vai concordar. Mas não porque concorda de fato, mas sim porque se sente um ignorante se não o fizer.

Vinho bom ter que ser aquele que lhe satisfaça, que lhe dê prazer. Se depois, com o tempo, você quiser evoluir nas técnicas do vinho e desenvolver seus conhecimentos mais específicos, será apenas uma opção, e não uma obrigação.



E para começar esta análise simples, objetiva e direta resolvi comparar dois vinhos extremos no que se refere à preço que estavam na minha adega. O primeiro é o J.P. Chenet, um vinho Francês, safra 2008, da uva Merlot, com preço na faixa de R$ 22,00. Do lado oposto no peso da balança financeira da minha adega retirei o Marqués de Riscal, reserva 2004, uva Rioja, um vinho Espanhol na faixa dos R$ 90,00.

Se for para impressionar a diferença de preço vale a pena. O Marqués vem com uma cordinha dourada que mesmo quem nunca tomou vinho fica com a percepção de que é um vinho caro, chique. O J.P. Chenet é mais simples, embora tenha a garrafa levemente torta (sim, isto é de propósito) que dá um certo grau de originalidade no produto, é um vinho mais “comum”. Há quem confunda com o JotaPê nacional, mas também há quem se impressione por ser um vinho Francês. Poucos sabem que um vinho Europeu pode ser mais barato que um vinho Brasileiro.

Abrindo os dois vinhos é possível começar a notar a diferença do tempo de reserva. O Marqués está com a rolha mais “molhada” do vinho. Sim, eu disse molhada, porque como dito antes, vou usar aqui a linguagem que todos possam entender.

Logo ao primeiro gole, o Francês causa uma sensação mais positiva, pois o Espanhol está com muito cheiro e gosto forte do álcool. Mas logo já percebe-se a diferença. Se ele respirou ou simplesmente o segundo gole é melhor eu não sei, mas o fato é que o Marqués de Riscal tornou-se um vinho mais saboroso, com o gosto permanencendo mais tempo na boca, enquanto o J.P. Chenet tornou-se um vinho mais leve porém com menos surpresas no paladar.

Ambos são bons, sabores agradáveis, cores muito parecidas embora o Espanhol passe a sensação visual de mais pesado. Não me deram azia, nem dor de cabeça, e isto para mim já é um sinal positivo. Combinaram com o clima da noite e me deixaram mais uma vez com uma positiva experiência.

Ainda não sei se na prática os quase setenta reais que separam um do outro venham a de fato compensar (na minha opinião, óbvio). Mas são duas experiências interessantes e fica aí duas dicas. Quer impressionar por rótulo? Vá no Marqués de Riscal. Quer impressionar pela origem? O J.P. Chenet tem o glamour da França. Quer impressionar por preço? Marqués de Riscal. O que importa é a uva? Marqués de Riscal novamente, por ter uma uva que não se costuma ver no Brasil. Quer uma boa relação custo x benefício? Fique com o J.P. Chenet. Quer saber qual o melhor? Separe um pouco mais de R$ 100,00 e desfrute dos dois, chegue a sua conclusão e se tiver motivação, compartilhe conosco.

3 comentários:

  1. Curto o J P como já disse em outro comentário, mas aviso aos navegantes q ele deixa a lingua, labios e dentes tingidos. Rs***

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  2. Servi o JP CHENET no meu casamento, todo mundo adorou o vinho! Eu compro ele em caixas e sempre sirvo em aniversarios, reuniões de família e amigos... O vinho virou minha marca registrada, o povo vem na minha casa pra beber esse vinho... RECOMENDO MUITO! Considere também, o Latitude 33 - Malbec (Argentino), também gosto muito e tenho sempre em casa para variar um pouco...

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  3. O Marques de Riscal abriria muito mais se fosse decantado. Um vinho de 2004 precisa disso para entregar todo seu paladar e aroma. O J P é um bom custo/benefício.

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