terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A polêmica sobre o vinho verde!*


A maioria dos participantes da degustação promovida pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, no dia 29 de novembro de 2010, no Plaza São Rafael, teve uma surpresa. No evento, o enólogo português António Cerdeira e o crítico e especialista brasileiro de vinhos, Marcelo Copello, garantiram que o vinho é assim denominado “porque a região onde é produzido, no Minho, é muito verde e sua área folhear é a maior do mundo, perdendo-se no horizonte”. O Minho localiza-se no extremo noroeste de Portugal, limitado ao norte pelo rio Minho, fronteira natural com a Espanha; ao sul pelo rio Douro e as serras da Freita, Arada e Montemuro; a leste pelas serras da Peneda, Gerês, Cabreira e Marão, e à oeste pelo Oceano Atlântico.
O meu amigo Danilo Ucha, do conceituado blog Cordeiro & Vinho e presente à degustação, considerou a explicação meio insossa. “Confesso que esperava mais, queria mais lenda, mais mistério.” O que se sabia até então é que o vinho verde tem esse nome porque as uvas da região, mesmo quando maduras, têm elevado teor de acidez, produzindo líquidos cujas características lhes dão a aparência de vir de uvas colhidas antes da correta maturação.
Confirmando essa tese, na Wikipédia escreve Luís Lopes, editor da revista de vinhos de Portugal: "tudo indica que, efectivamente, o nome vinho verde, que já vem do século XIX, se deve precisamente ao facto da conjugação do clima e das antigas técnicas de viticultura locais (vinhas exuberantes, conduzidas em altura e profusamente regadas pela água das hortas) condicionarem a maturação das uvas. Ou seja, esses vinhos chamaram-se Verdes porque eram efectivamente feitos de uvas verdes. Tanto que, a legislação vitivinícola portuguesa de 1946 dividia os vinhos nacionais, precisamente, entre "verdes" e "maduros". (...) Hoje, na sua maioria, é uma região de viticultura moderna, com castas de grande qualidade (Alvarinho, Loureiro, Avesso, por exemplo), e uvas que atingem o ponto de maturação ideal." E também hoje, na região do Vinho Verde, as pessoas referem-se aos outros vinhos como vinho maduro".
Para esclarecer o assunto, entrei em contato com Marcelo Copello, a quem conheci recentemente em Porto Alegre, no evento Vinho & Cinema, promovido pela Importadora Porto a Porto. Veja a opinião desse especialista, que,  além de ser considerado internacionalmente como o maior especialista brasileiro, é o único a possuir uma coluna de vinhos na Europa: - “Caro Paulo Renato, a afirmação não é minha, é da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), o órgão máximo do Vinho Verde (que foi quem me convidou para a palestra em POA), e apoiada pelos principais autores portugueses, como JP Martins, J Afonso e A Saramago. A Wikipédia para variar está errada, esta não é uma boa fonte de consulta, pois escreve-se o que quiser lá e uma informação errada se propaga. As uvas não são verdes, alcançam  a maturidade que é possível alcançar com o clima chuvoso do Minho, que no geral proporciona vinhos mais para acídulos do que para alcoólicos. Hoje em dia, com o aquecimento global e técnicas mais modernas de viticultura, é possível provarmos brancos do Minho, com muito  corpo e álcool, nada “verdes”.”
Como diz o matuto catarinense em situação de apuro: “Pois e agora...?”

*Este texto foi escrito por Paulo Renato Rodrigues, Economista e Blogueiro do ZH Moinhos.
** Foto: Luciana Zotz

5 comentários:

  1. Gostei do texto, Paulo Renato. Para afinar com um bom vinho, eu diria que esse seu Post tem um 'bouquet" muito especial. Quando eu era guri, lá nas Minas do Arroio dos Ratos, diziam que "vinho verde", vindo de Barão do Triunfo, era aquele engarrafado antes da fermentação completa, para produzir certo sabor que muitos apreciavam. Sempre que se fala em vinho, o folclore, inevitavelmente, entra em cena e aparecem muitas versões para definir as variantes dessa bebiba nobre. Nomes e rótulos são detalhes. O que conta é o sabor, que é profissão para os enólogos e prazer irresistível para todos nós. E para eles também - é claro - quando não estão a serviço.
    Um grande abraço NataLINO

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  2. É polêmica a origem do nome, porque sempre existiu a crença e até autores, dizerem serem oriundos de vinhas brancas imaturas. Para muitos até hoje são assim considerados. Como também o Rosé ser elaborado de uvas rosadas. São mitos que se criam e continuam no imaginário popular.
    Estive na região, visitei cantinas. Perguntei a um enólogo, sobre a denominação. Afirmou que ao contrário do que se pensa o nome deriva da região "Costa Verde", norte de Portugal, que começa no Porto (Rio Douro), até o Minho (rio na divisa com a Espanha). Portanto procede a afirmativa do português . É uma região, úmida e com muito verde em suas matas. Assim como o do Porto o vinho Verde é um nome consagrado, tendo até alguns DOC. Particularmente não sou adepto daquela acidez característica. Tem coisa melhor para se degustar.
    Um grande abraço
    Félix

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  3. O nome vinho verde,realmente, não tem relação com a cor do vinho e nem porque é feito com uvas verdes.É derivado do “verde” da região e por ser um vinho para ser consumido jovem.

    O vinho verde é um produto único no mundo, uma mistura de aromas e sabores que o tornam em um vinho muito refrescante, de mediana graduação alcoólica, leve e aromático, com uma ótima acidez.

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  4. Sempre pensei que a designação de "vinho verde" é a oposta a "vinho maduro". Na realidade o vinho verde é muito mais leve, alegre, fresco, saltitante e tudo o mais que diferencia a juventude da maioridade. Aqui o significado de verde significa "imaturo". Aliás, ouvi uma vez a um inglês chamar-lhe "immature wine"... é tudo ... não sei mais ...

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  5. Eu realmente não sei dizer quem está certo, mas durante 40 anos frequento restaurantes em Portugal e recentemente Cabo Verde (ex-colonia) a pergunta sempre éra..o senhor prefere verdes ou maduro.....tá ai um bom assunto para ser aprofundado..parabens Paulo

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